NÃO FOI NO CENTRO ESPÍRITA!
A finalidade essencial do Espiritismo é a melhoria das criaturas
Se você indagar de qualquer pessoa que exerça a função de caixa
num supermercado, farmácia, padaria, etc. sobre onde aprendeu o
procedimento de registrar a compra do cliente e sua quitação com
dinheiro vivo, cartão de crédito ou cheque, cada modalidade com suas
características próprias de encaminhamento e processamento, ele não dirá
que foi na escola, mas sim na própria rotina de trabalho, através de
alguém que lhe repassou o conhecimento.
O mesmo exemplo pode ser ampliado para outras práticas
profissionais, onde o aprendizado ocorre na própria prática da
atividade.
O mesmo raciocínio ocorre na prática espírita nas instituições.
Sempre houve alguém que repassou o conhecimento, orientou e encaminhou,
com sua experiência, alguém que inicia e começa a trabalhar na seara
espírita.
Essa transmissão de conhecimento, todavia, está sujeita aos
condicionamentos, vícios e ponto de vista alcançado na compreensão dos
postulados do Espiritismo.
Assim como a escola deveria possuir estrutura para transmitir a
experiência da preparação profissional, ao invés de deterem-se apenas na
transmissão do conhecimento (nem sempre devidamente assimilada), as
instituições espíritas possuem objetivos definidos e claros de serem
construtores e geradores do conhecimento, mas nem sempre esta é a
realidade que se apresenta.
Muitas vezes, limita-se à transmissão de informações com base em
pontos de vista pessoais, sempre sujeitos aos equívocos de
entendimento, vícios e condicionamentos a que todos, alunos em
aprendizado que somos, estamos sujeitos.
Por esta razão surgem as deturpações e práticas incoerentes,
frutos diretos da inexata compreensão do Espiritismo, de seus
fundamentos e objetivos, misturando-se misticismos, hábitos estranhos à
Doutrina Espírita, disputas, vaidades e seus consequentes
desdobramentos.
Embora pareça paradoxal, referidas crises existentes nas
instituições são naturais e benéficas porque elas proporcionam
crescimento a aprendizado, levando à busca dos verdadeiros parâmetros.
Mas é fato real que muitas afirmações e práticas não foram
transmitidas no centro espírita, embora sua tribuna e estrutura
possivelmente tenham sido utilizadas. Foram transmitidas na ausência do
conhecimento, através de nossos equívocos de entendimento.
A construção do conhecimento solicita debates, questionamentos,
troca de informações, análise ponderada de conceitos, dispensa de
preconceitos, entendimento correto de palavras, parágrafos, gramática e
mesmo, é óbvio, a exata compreensão do Espiritismo e seus fundamentos.
Referidos conhecimentos, para serem adquiridos e assimilados, e,
portanto, construídos interiormente, requerem firmeza e perseverança dos
grupos e seus integrantes, pois a mera transmissão de informações
assemelha-se a alguém que abrisse o próprio cérebro e colocasse sua
massa cerebral para distribuir...
Vejamos, todavia, com bons olhos, esse conflito e aparente
disparate na diversidade de entendimento e práticas. Isso é salutar.
Faz-nos pensar, convida à reflexão e oferece a multiplicidade das experiências para que igualmente sejam analisadas.
Mas, há que se ater ao momento aflitivo com que se depara a Humanidade. O instante presente solicita que “menos
competição e mais cooperação, deve ser a preocupação de todos espíritas
sinceros, a fim de transferir a Doutrina para as futuras gerações,
conforme a receberam do Codificador e dos seus iluminados trabalhadores
das primeiras horas”, como acentua o Espírito Vianna de Carvalho e outros Espíritos-espíritas, na oportuna mensagem “Campeonato da Insensatez”, publicada pela revista “Reformador”, páginas 8 a 10 da edição de Outubro de 2006, na psicografia de Divaldo Franco.
É que, acentua o Espírito: “Estais comprometidos, desde antes da
reencarnação, com o Espiritismo que agora conheceis e vos fascina a
mente e o coração. Tende cuidado! Evitai conspurcá-la com atitudes
antagônicas aos seus ensinamentos e imposições não compatíveis com o seu
corpo doutrinário.
Retornar às bases e vivê-las qual o fizeram Allan Kardec e todos
aqueles que o seguiram desde o primeiro momento, é dever de todo
espírita que travou contato com a Terceira Revelação judaico-cristã
porque o tempo urge e a hora é esta, sem lugar para o campeonato da
insensatez”.
Pois (e vale muito transcrever mais este parágrafo), continua o Espírito: “Não
se dispõe de tempo (...) para a assistência aos sofredores e
necessitados que aportam às casas espíritas, relegados a segundo plano,
nem para a convivência com os pobres e desconhecedores da Doutrina, que
são encaminhados a cursos, quando necessitam de uma palavra de conforto
moral urgente... Os corações enregelam-se e a fraternidade desaparece.”
Não é, pois, no centro que surgem tais dificuldades. É dentro de
nós mesmos, espíritos-espíritas, encarnados mesmo (embora integrantes
das instituições), necessitados todos da autêntica compreensão dos
autênticos objetivos do Espiritismo, que não são outros senão como
indicado no item 292 de O Livro dos Médiuns: “Não esqueçais que o fim essencial, exclusivo, do Espiritismo é a vossa melhora...”
Tratemos, pois, com a máxima urgência, de nos adequarmos ao
Espiritismo e não tentar adequar o Espiritismo ao nosso estreito,
limitado e imperfeito ponto de vista pessoal, nem sempre coerente com o
autêntico conhecimento à nossa disposição.
Pensador Espirita