Uma das coisas mais complexas
no cotidiano de uma Casa Espírita é administrar as diferenças comportamentais
entre os trabalhadores. Aqui e ali, por um motivo ou por outro, pipocam os
atritos e melindres, muitas vezes encobertos pelo silêncio em nome da
“caridade,” mas evidentes nos olhares atravessados, nos recadinhos indiretos e,
não raro, no afastamento inexplicável daquele companheiro que parecia tão
entusiasmado...
Quando chega a este ponto é
que a guerra de persona já atingiu o seu ponto máximo.
Também na Casa Espírita
pessoas com personalidade, maturidade e aptidões diversas podem conviver
harmonicamente em sua diversidade, mas o “paisagismo” cabe aos dirigentes.
Cabe às lideranças observar,
intervir e pacificar. Administrando conflitos e prevenindo cisões, pois as
relações são a viga mestra dos grupos e quando abaladas tudo vem abaixo.
Uma forma eficaz de prevenir é realizar constantes avaliações das atividades.
Mas avaliar não é colocar os
companheiros no paredão.
Avaliar é reunir a equipe
periodicamente para analisar o que está sendo feito, em clima de leveza e
fraternidade, discutindo dificuldades e possibilidades com vistas a manter ou
corrigir a rota onde for preciso.
Mas é também imprescindível
repensar as decisões de cima para baixo. Não raro a diretoria decide e os
demais trabalhadores executam, sem que de alguma forma tenham sido consultados
enquanto elementos fundamentais para as realizações.
Questionar nem pensar, sob
pena de inclusão imediata no tratamento de desobsessão, diante da afirmativa
paternalista que “– o nosso irmão está precisando muito de preces”...
Esta é a impiedosa pena de
descrédito “caridosamente” imputada àqueles que ousam “subverter” a ordem
vigente.
Estrategicamente,
neutraliza-se a ovelha rebelde para apascentar o rebanho.
Diante disso a gente se
pergunta: Quando é que nós espíritas vamos conseguir distinguir autoridade de
autoritarismo?
Quando é que vamos deixar de
medir o valor dos companheiros pelos cargos que ocupam ou pelos títulos que
ostentam?
Quando deixaremos de tomar
questionamentos legítimos como “influência de obsessores”?
É urgente abandonar tais
heranças reacionárias do passado e avançar para a postura ética e fraterna que
se espera de uma liderança espírita.
A aplicação da Doutrina Espirita
começa com os que estão dentro da Casa Espirita.
Por isto a Doutrina nos conclama:
“Espiritas! Amai-vos e instrui-vos”.
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